Tuesday, March 25, 2008

Pax

Não tenho paz dentro de mim
Vivo o tumulto constante
Exigência extrema da existência
Queria deitar-me e encontrar abrigo
Um lugar seguro no meio da imundice
Procuro em vão

Quero a paz que não tenho
(Feliz aquele que dorme à noite!)
Anseio pela paz que não tenho
(Feliz aquele que ignora o mundo!)
Admiro os virtuosos que a alcançam

A fúria histéria da raiva que me consome
E tenho em mim lutas e sangue
De umas outras batalhas que não planeei travar
Que não se existem sequer

Toda a minha génese é um conflito auspicioso
Interminavelmente hediondo, profano
Contra tudo, especialmente contra mim
Enveneno-me a mim mesma em busca de solução

A minha vida é uma sátira bélica
E eu sou o objecto da comédia

1 comment:

Leila Grácio said...

"Não tenho paz nem posso fazer guerra;
temo e espero, e do ardor ao gelo passo,
e voo para o céu, e desço à terra,
e nada aperto, e todo o mundo abraço.

Prisão que nem se fecha ou se descerra,
nem me retém nem solta o duro laço;
entre livre e submissa esta alma erra,
nem é morto nem vivo o corpo lasso.

Vejo sem olhos, grito sem ter voz;
e sonho perecer e ajuda imploro;
a mim odeio e a outrem amo após.

Sustento-me de dor e rindo choro;
a morte como a vida enfim deploro:
e neste estado sou, Dama, por vós."