Tuesday, March 27, 2007

Ocularis Infernum






O Olho do Inferno.
Do Inferno que te perdi.


Do dia 26...do dia que só citei Camões:
"E se vires que pode merecer-te
Alguma coisa a dor que me ficou
Da mágoa sem remédio de perder-te
Roga a Deus que teus anos encurtou
Que tão cedo de cá me leve a ver-te
Quão cedo de meus olhos te levou"




O olho para que me vejas.
O olho para que te orgulhes.
O olho de quem sempre te amou.
O olho de quem quer ir ao teu encontro.
O olho de quem não acredita que tivesses partido!


Traidor!!!
Tu e o teu olho...! E agora o meu...
Atraiçoaste-me! Foste-te embora... largaste-me aos bichos!
Será que não sabias que a minha direita era muito mais importante que a Dele???


Agora também tenho o olho...
Debaixo da tinta do meu olho, eu tento esconder a imensa falta que me fazes.
Debaixo da pele do meu olho tu estás vivo.


Espia-me pelo olho...
Vê o que me ensinaste pelo olho...
Vê no que me tornei pelo olho...
Levo-te comigo no meu olho... Tatuado na minha alma!!!




"Bem aventurados os pobres de espírito porque deles é o Reino dos Céus!"
É por isso que sei que não estás lá.



O Olho do Inferno.
Do Inferno em que me deixaste...




"And I was never looking for approval from anyone but you!"


Um hino a ti, pai...

Só humana...

Tudo o que representava era ódio, raiva e angústia.
A agonia de ter de o ouvir constantemente, aquele queixume melódico diário...era mais do que qualquer humano aguentaria.
E eu sou humana... defeituosamente humana.
Não me contentei em fotografar a bela flor que ele era, não me contentei em contemplá-la...
Foi mais forte que eu colhê-la, e deixá-la definhar num canto poeirento da sala que é a minha vida.
Essa flor agora jaz numa jarra de dores crónicas.
Até posso sentir a falta... mas nunca dele...
Facilitou-me o caminho... e o que vem a seguir.
Porque o que se segue são choros e lágrimas derramadas pelos bons tempos que já não voltam!
A este eu nunca o desejei e tive-o sempre...
A este eu nunca conheci... e no entanto foi aquele com quem mais conhecimento tive...
Irónico não é?
Foi viver um sonho de olhos abertos.
Foi um acordar de alívio e dor.
Foi uma forma de passar o tempo.
Foi a melhor tortura que já tive.
Foi a maior cicatriz que ficou.
Arde como as queimaduras de Napalm...
Eterno como as queimaduras de Napalm...
Não, não eterno, enganei-me... só até ao final da minha vida.
Claro que posso voltar a coser as nossas almas, com fios de promessas envoltos em esperanças mortas... "Mortas porque hão-de morrer!"...
Mas os pontos da última costura ainda hoje me fazem comichão... e a medicação que ele me dá é fraca!
Mil são os projectos...
Mil são as ambições...
Mil são os pecados não cometidos...
E ele não entra em nenhum deles...
Pena!
Teríamos sido perfeitos.
Teríamos sido anjos ou até deuses.
Mas eu sou só humana... só humana.
As avestruzes também foram providas de asas e não voam...só correm!

"Cada homem mata aquilo que ama!"

"É bom, não foi?"

Admito, esperava mais...
Sim, posso dizer que foi um desapontamento.
Tal foi a atrocidade que fiquei vermelha de vergonha.
Pior? Não, pior que não ter acontecido foi ter acontecido como realmente aconteceu!
É sempre assim... É tão previsível!
Quando falam e gesticulam demais dão sempre este mau espectáculo no final!
E quando vêm com a do "não quero que te agarres"...
Não queria que me agarrasse a quê?
A 4 minutos de desprazer?
Que ridículos!
"Nem tudo o que parece mau de facto o é, normalmente é bem pior!" Quis contrariar o Murphy e eis que ele me esmaga com a sua lei "Tudo aquilo que possa eventualmente correr mal, corre mal de certeza!".
E daí para a frente já se sabe.
O ego dos homens é frágil.
Não me surpreende que o próximo passo dele seja comprar um carro de alta cilindrada.
Inútil!
Só o consigo adjectivar de inútil!
Não serve para nada!
Já estava na altura de o descartar.
"Disposable man"_ não passa disto!

Previsíveis!
Fracos!
Inúteis!
Frágeis!



"Ab uno disce omnes!"


E agora eu só lhe queria perguntar: "É bom, não foi?"

Tuesday, March 20, 2007

"Desculpa querido, mas só serves para me servir!"

Não, enganas-te...
Não voltei lá por ele nem por qualquer sentimento acima da cintura.
Voltei lá pelo simples facto que ele me fez rir como ninguém fazia há já muito tempo...
Voltei lá porque ele me serviu bem, tal e qual da maneira que sempre pretendi que me servisse!
E talvez pelos olhos dele...
E voltava lá outra vez...
E ficaria lá se ele me pedisse...
É uma recordação nocturna excelente, mas é inconcebível face à luz do dia.
Ainda não morreu... ainda não o matei... ainda o quero...
Gosto de pensar nele como um trilho ferroviário com uma paisagem bonita: podemos percorrê-lo quando quisermos e maravilhar-nos vezes sem conta, ou podemos percorrê-lo só duas vezes e ficar com uma bela memória que nos fará sorrir sempre que virmos um comboio!
O que ele nunca saberá é que apesar do cariz utilitário que tem para mim (_"Desculpa querido, mas só serves para me servir...!") é que eu desejei que a noite não mais chegasse ao fim... no entanto ela chegou e eu apercebi-me que já não devia lá estar há muito tempo...
Com amanhã vai-se o encanto!
Sabes, quando cheguei a casa, cheirei a minha camisola que ainda tinha o cheiro dele.
E soube que nunca mais iria lá voltar...
E soube-me tão bem!
Amei-o 12 horas.
E todos os amores deviam ter este prazo limite.
Admito que ele poderia ser um perigo... se fosse o único!
Mas eu nunca quis o amor de um homem... só quis a tesão de vários!
Peço desculpa, por o meu coração bater um bocadinho mais abaixo que o das outras pessoas!
Mas é isso que faz dele livre! Livre como um circo, onde há sempre lugar para mais um palhaço!
Além disso... eu a ser boa sou boa, mas a ser má sou melhor!!!

"I'm not inlove, but I'm gonna fuck you till somebody better comes along..."

Sunday, March 18, 2007

"QVID UB DEO?"

Desde o primeiro momento que o vi eu desejei-o...e de forma quase patológica!
Sem o conhecer eu quis-lo.
Sabia bem dentro do meu egozinho reles que ele ia ser meu...
Era o Destino (porque o Destino somos nós que o fazemos).
Como diz o Saramago, era assim que devia ser.
Sem saber nomes, nem famílias, nem histórias, nem quem é, "porque ser não é ter sido e ter sido não é será", isto porque "o costume é outro", as pessoas querem nomes e referências, "esperam com isso ficar a saber mais e às vezes tudo"!
Mas ele... não! Ele nunca quis saber quem eu era porque por detrás do azul daqueles olhos ele já conhecia de mim tudo o que havia para conhecer.
Como?
Perguntas bem... acho que apenas nos lembrámos de como era antes de nos termos encontrado novamente...

...a magia de se conhecer alguém só pelos sentidos...

Se eu já o tinha visto?
Nunca, nesta vida...

...e as nossas almas dançaram...


Se tenho saudades dele?
Não sinto falta do que nunca tive...

..."Dái a Deus o que é de Deus e dái a César o que é de César"...


Se voltava atrás?
Eu nunca volto atrás!

...Ao contrário de Orfeu, eu não cometo o erro de olhar para trás...


O nome dele?
"QVID UB DEO?"




"For me you were the song that noonelse could sing before..."

«(in)Felizmente há LuaR!!»

Fazes-me lembrar de mim...
És a minha alma gémea, aquele que eu quero do meu lado até que a morte nos separe...
Chamas-lhe amizade, mas diz-me, quantas amizades deste teor doentio vês por aí?
Nenhuma...
Esta fixação que temos um no outro, esta paixão mental, este desejo de destruição mútuo...não se encaixam nos parâmetros da amizade.
Eu vivo sem ti e tu sem mim, mas não nos dispensamos totalmente nunca.
Somos o yin yang perfeito... e vamos acabar sempre lado a lado,como duas linhas rectas, que se prolongam infinitamente mas nunca se cruzam.
Ambos sabemos que não o conseguimos evitar...não o queremos evitar...
É viciante não é?
E a nossa cura é cruel...
Prossigamos apenas os nossos jogos mentais de forma a que não mais terminem.
Continuemos a fingir que precisamos imenso um do outro, e a inventar motivos de ordem menos boa para tal.
Não otário! Não é amizade, não é paixão, não é amor, não é nada!!!
Mas confessa lá se não é um nada que adoras...?!
E eu continuo a dizer:
«(in)Felizmente há LuaR!!»

"Twin soul you're always a strange... Nothing ever makes you affraid???"

Saturday, March 17, 2007

Ela sabe...

Ela sabe...
Ela sabe que não tem esperança, que já não lhe restam amigos, que tudo aquilo com que ela pode contar são os ombros daqueles que ela sabe que nunca lá estarão para ela.
Ainda assim admiro a sua tenacidade, a luta diária para esconder a infelicidade que a invade, a alegria forjada em idas ao cabeleireiro e na compra de um decote mais ousado.
Ela nega o amor, mas está consciente que o anseia e o teme porque todos tememos aquilo com que nunca tivémos contacto.
Estar sozinha é bom , mas estar só é insuportável.
E ela compensa a solidão ao tentar integrar-se num mundo que não é o dela. Leva o fingimento ao máximo expoente mas à noite a máscara cai e ela vê aquilo que frustradamente refundiu reconditamente todo o dia.
Não, não é hipocrisia nem futilidade...é consciência...
Porque ela sabe que, se a máscara acidentalmente cair durante o dia, a única coisa que lhe resta face ao ódio, raiva e miséria que a preenchem na sua efémera juventude será a morte...
e ela sabe...

"Porque é que quiseste tomar a vacina contra a vida e te esqueceste de inocular o vírus?"

Desejos equívocos

Eu desejei...
desejei tantas vezes aquilo que só existia na minha mente...
e alcancei-o.
Mas a lucidez não me permitiu amá-lo.
Porque viver é não ser inocente...
e não ser inocente é ver as muitas faces de todos os que não nos conhecem mas também nos desejam...
é não ter consciência moral...
e apesar disso eu não durmo à noite, imensamente arrependida de não lhes ter feito pior que aquilo que achei que eles mereciam face ao meu desdém moribundo por eles.
O meu Ego é um escravo do meu Id e o meu Superego é uma marioneta que se dá ao luxo de fingir que existe quando eles me pedem satisfações.
Quem são eles?
São os seres hediondamente vazios que se intitulam de pessoas, de seres humanos, de vivos. Espelhos satíricos daquilo que os rodeia, com a alma de uma peúga usada e crédulos de um destino umas vezes sorridente outras trágico, crença essa que faz deles previsíveis como as dores nos joelhos e o mau tempo.
E eu sugo-lhes as ilusões, dispo os seus anseios e reduzo-os à sua insignificância crónica e pútrida.
Deseja-se equivocamente aquilo que não se conhece...
...porque quem me conhece não me deseja...

"O que eu sou toda a gente é capaz de ver, mas o que ninguém consegue imaginar é até onde e como..."