Monday, August 27, 2007

Desabafo intermitente (carta raivosa)

Caros amigos, companheiros da passagem por esta vida terrena.
Hoje tenho algo a dizer-vos.
Tenho a dizer-vos que hoje é o tal dia.
Hoje é o tal dia no ano em que estou cansada.
E como hoje é o tal dia especial tenho umas quantas coisas a confessar-vos.
Encarem isto como uma espécie de desabafo.
Eu não sou desequilibrada, nem maluca, nem algo que se pareça.
Digo isto porque já me questionei várias vezes sobre o assunto e não, não estou demente.
Estou só cansada.
Para encetar conversa, estou cansada das vossas mentiras ridículas.
Querem-me mentir, tudo bem! Mas mintam-me com estilo, de forma a enganar-me. Mintam-me com astúcia! Afinal, ando aqui há uns aninhos e enganar-me não é fácil. É que sinto-me mesmo vítima de chacota quando me mentem! Porque, pensei eu na minha inocência, merecia mentiras mais bem construídas, nem que fosse por consideração!
Estou cansada da vossa prepotência e das vossas exigências.
Eu não tenho de obedecer a um conjunto de regras construídas pelo vosso agrado! Não me peçam para estar num local, que sabem que não vou estar, não me peçam tarefas que, sabem à partida, não irei executar!
Eu sou livre, e vocês não são apêndices do meu corpo, nem sequer da minha consciência, muito menos das minhas acções!
Estou cansada dos vossos testes.
Eu não tenho de vos provar nada! Nem a vocês nem a outra alma viva senão a minha mesma pessoa. Eu não tenho de vos dar satisfações do que faço, nem demonstrações da vossa importância na minha vida. Aqueles que são realmente importantes dispensam esse tipo de provação.
Estou cansada dos vossos comentários.
Eu faço o que eu quero, quando eu quero, como eu quero e com quem eu quero... Habituem-se a essa ideia. Não podem chegar e comentar a minha vida como bem vos apetece, o meu destino não está ao vosso dispôr. Deixem-me viver a minha vida. Eu tenho uma e estou feliz!
E não pensem que o uso e abuso sistemático de narcóticos, me acabou com a massa cinzenta!
Não queiram brincar com a minha cabeça!
Vocês adoram rotular tudo o que vos rodeia e no final acabar a dar palpites na minha vida, como se eu realmente tivesse pedido uma opinião vossa!
É por isto que estou cansada.
Quero que saibam que muitos de vocês dão-me pena!
Pena por não conseguirem viver das próprias vidas e se quererem alimentar da minha!
Pena pela vossa incapacidade de serem (não felizes) mas contentes!
Pena pela merda de pessoas que uns se vão tornar dentro de uns anos e outros porque não se vão tornar nada mesmo!
Pena por estarem sempre à espera de um movimento em falso. Se eu caí por um momento peço desculpa. Vocês estão a tratar de nunca se levantarem.
E eu já fraquejei, mas ninguém me viu as lágrimas.
E eu já voltei atrás, mas ninguém compreendeu o sentimento que me levou a fazê-lo!
E eu agora ando para a frente, e ninguém dá um empurrãozinho para cima, só para baixo!
Poupo-vos o mau agoiro, confirmando: sim eu vou-me estampar!
Sim, falhar com todas as forças e ir de encontro à parede mais dura da existência!
Não se esforcem por me corromper, apenas esperem. Eu hei-de lá chegar! E tudo mérito meu! Sem a ajuda de ninguém!
E hoje como é o tal dia.
Estarei na presença de três pessoas diferentes que, por feliz acaso, não estão incluidas no meu grupo de amigos.
Porque estou cansada de todas as outras!
Estou cansada de estar constantemente rodeada por pessoas amargas, que fingem entender aquilo que me move, que se mordem por uma oportunidade, que só pensam egoistamente em si mesmas!
Eu nunca fui egoísta, fui individualista.
E mais nenhum, ( nem um!) de vocês, me voltará a dizer seja o que for, se voltará a meter naquilo que eu faço, me voltará a deixar mal!
Acabaram-se as oportunidades, a tolerância e a condescendência!
Basta!
Hoje é o tal dia!
O tal dia que o meu mundo se torna insuportável.
Porque vocês, com o vosso acumular de ideias imbecis, o tornaram insuportável!
Quando desperdiço o meu tempo a ouvir o nada vazio que vocês têm para me dizer, só me apetece chegar a casa e suicidar-me! Vocês sugam a vitalidade a tudo aquilo em que tocam!
Não me tentem compreender. O prazo para isso já expirou!
Só me despeço de vós com um desejo: vivam! Vivam muito e vivam bem! E deixem-me a mim viver também!

Porque hoje é o tal dia!

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