Saturday, March 17, 2007

Desejos equívocos

Eu desejei...
desejei tantas vezes aquilo que só existia na minha mente...
e alcancei-o.
Mas a lucidez não me permitiu amá-lo.
Porque viver é não ser inocente...
e não ser inocente é ver as muitas faces de todos os que não nos conhecem mas também nos desejam...
é não ter consciência moral...
e apesar disso eu não durmo à noite, imensamente arrependida de não lhes ter feito pior que aquilo que achei que eles mereciam face ao meu desdém moribundo por eles.
O meu Ego é um escravo do meu Id e o meu Superego é uma marioneta que se dá ao luxo de fingir que existe quando eles me pedem satisfações.
Quem são eles?
São os seres hediondamente vazios que se intitulam de pessoas, de seres humanos, de vivos. Espelhos satíricos daquilo que os rodeia, com a alma de uma peúga usada e crédulos de um destino umas vezes sorridente outras trágico, crença essa que faz deles previsíveis como as dores nos joelhos e o mau tempo.
E eu sugo-lhes as ilusões, dispo os seus anseios e reduzo-os à sua insignificância crónica e pútrida.
Deseja-se equivocamente aquilo que não se conhece...
...porque quem me conhece não me deseja...

"O que eu sou toda a gente é capaz de ver, mas o que ninguém consegue imaginar é até onde e como..."

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