Tuesday, March 27, 2007

Só humana...

Tudo o que representava era ódio, raiva e angústia.
A agonia de ter de o ouvir constantemente, aquele queixume melódico diário...era mais do que qualquer humano aguentaria.
E eu sou humana... defeituosamente humana.
Não me contentei em fotografar a bela flor que ele era, não me contentei em contemplá-la...
Foi mais forte que eu colhê-la, e deixá-la definhar num canto poeirento da sala que é a minha vida.
Essa flor agora jaz numa jarra de dores crónicas.
Até posso sentir a falta... mas nunca dele...
Facilitou-me o caminho... e o que vem a seguir.
Porque o que se segue são choros e lágrimas derramadas pelos bons tempos que já não voltam!
A este eu nunca o desejei e tive-o sempre...
A este eu nunca conheci... e no entanto foi aquele com quem mais conhecimento tive...
Irónico não é?
Foi viver um sonho de olhos abertos.
Foi um acordar de alívio e dor.
Foi uma forma de passar o tempo.
Foi a melhor tortura que já tive.
Foi a maior cicatriz que ficou.
Arde como as queimaduras de Napalm...
Eterno como as queimaduras de Napalm...
Não, não eterno, enganei-me... só até ao final da minha vida.
Claro que posso voltar a coser as nossas almas, com fios de promessas envoltos em esperanças mortas... "Mortas porque hão-de morrer!"...
Mas os pontos da última costura ainda hoje me fazem comichão... e a medicação que ele me dá é fraca!
Mil são os projectos...
Mil são as ambições...
Mil são os pecados não cometidos...
E ele não entra em nenhum deles...
Pena!
Teríamos sido perfeitos.
Teríamos sido anjos ou até deuses.
Mas eu sou só humana... só humana.
As avestruzes também foram providas de asas e não voam...só correm!

"Cada homem mata aquilo que ama!"

No comments: