Friday, June 1, 2007

"Por isso eu tomo ópio!"

Eu suspiro...
E apago tudo...
E guardo tudo naquela caixa que irá selada para o armário mais alto, ganhar pó, até que um dia menos bom ou apenas por necessidade de martírio a volte a abrir.
Hoje sinto-me abandonada.
Por isso olho para trás com pena.
Mas limito-me a olhar... sem qualquer vontade de voltar lá.
Apetece-me tanto gritar e sair daqui!
Apetece-me tanto chorar e odiá-los a todos!
Mas o meu mau feitio obriga-me a manter o registo.
A ruindade da minha figura obriga-me a manter firme.
Tento puxar a minha veia maldosa (ou pelo menos uma das muitas que tenho).
Mas hoje acho que até elas me abandonaram.
Não vou ficar aqui.
Mas também não sei onde vou.
Não vou implorar atenção a ninguém.
Porque é o preço que as pessoas como eu têm a pagar por aquilo que são: ficam sozinhas.
Talvez um dia me finja de boa pessoa e consiga conquistar alguém sem lhe arrancar logo a cabeça.
Talvez um dia faça desta merda um palco e represente uma outra figura esqualidamente atraente.
Talvez um dia...

Bem, chego à conclusão que estou sóbria demais.
Preciso de entorpecer a mente com narcóticos e hoje não vou poupar a minha carcaça.

É sempre assim!
Ou acaba em lágrimas ou com uma bebedeira...
...e como uma mulher não chora...


"Por isso eu tomo ópio...
É um remédio!
Sou um convalescente do momento
Moro no rés-do-chão do pensamento
E ver passar a vida faz-me tédio!"

1 comment:

Leila Grácio said...

...não é fácil, eu sei. Hás-de ter sentido a falta de qualquer coisa, da humanidade de um som que te fizesse descer à terra, do calor que a minha voz não tinha. Eu sei. Ninguém vive só de amor e muito menos de um amor quase ausente. Eu sei, eu sei que é estranho este meu modo de ser e de te dizer, em silêncio, que te amo.

Manuel Jorge Marmelo